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THE BREAKFAST CLUB (1985)

Atualizado: 31 de jul. de 2020

AVISO: Contém spoiler.


Saturday, March 24, 1984.


Existem filmes que, não importa os anos que passem, o impacto que eles têm naquilo que fazemos no dia a dia, naquilo que dizemos ou deixamos de dizer e, acima de tudo, naquilo que nós somos é sempre o mesmo. E é por essa razão que eu escolhi o filme O Clube (título em português) como primeira crítica. Porque se há filme que causou impacto na pessoa na qual eu me tornei nos dias de hoje, é este.

O filme conta a história de cinco jovens, com rótulos completamente distintos uns dos outros que cometem erros na escola e, como resultado, terão que passar o sábado na escola onde terão que escrever um ensaio sobre quem pensam que são e porque estão ali. À medida que o tempo vai passando, as diferenças começam a ser aceites e os mais diversos segredos vão sendo compartilhados entre eles - os cinco adolescentes que estão, inicialmente, introduzidos em rótulos como o rebelde, o nerd, a popular, o atleta e a problemática, acabam por revelar, ao longo do tempo, o que se esconde por detrás do seu aspeto físico e dos ideais nos quais cada um se insere. E é nesta "desestruturação" dos padrões básicos que John Hughes mostra que, não obstante as suas diferenças (físicas e sociais), todos eles apresentam muitos problemas em comum, os quais são retratados através das mais diversas discussões (grande parte delas desencadeadas pelo rebelde John Bender - interpretado por Judd Nelson) que fazem os adolescentes pensarem na sua relação com os pais e nos modelos que, não só lhes foram impostos por terceiros, como também acabam por os impor a eles mesmos.


Ao mesmo tempo que eles discutem, várias histórias e dramas divertidos são compartilhados entre eles, mostrando a cumplicidade ganha em pouco tempo. E a cena mais importante do filme retrata precisamente essa cumplicidade, na qual os cinco jovens se sentam no andar de cima da biblioteca e desenvolvem uma conversa refletiva que envolve lágrimas, sorrisos mas, acima de tudo, muita sinceridade - afinal, eles desvendam, por fim, quem eles realmente são e o que escondem, questionando-se se se voltarão a falar da mesma forma, com os olhos da sociedade postos nos seus comportamentos e posturas. Todavia,eles concluem, acima de tudo, que são mais parecidos do que eles alguma vez imaginaram. John Hughes fez um trabalho excecional, especialmente com os diálogos e com as personagens que fazem com que acabemos por nos identificar com pelo menos uma delas em certa altura.




Outra das cenas que me marcou, foi a conversa dos dois únicos adultos do filme, Richard Vernon (o diretor) e Carl Reed (um funcionário), que mostram que, embora adultos e - supostamente - amadurecidos, as pessoas mais velhas podem ser tão, ou mais perdidas em si mesmas do que o próprio adolescente. Como é que tu achas que o teu adolescente encararia o adulto no qual tu te tornaste?. Esta pergunta de Carl, o personagem mais sensato do filme, desencadeia muitos outros questionamentos que fazem com que reflitamos sobre aquilo que somos e naquilo que poderemos vir a ser dependendo das nossas decisões.




Assim, The Breakfast Club é um filme que inicialmente é uma comédia adolescente mas à medida que o tempo vai decorrendo, acaba por se tornar num drama real extremamente comum na sociedade. O realizador fez um excelente trabalho na execução do filme, mostrando que os adolescentes apresentam outros dramas para além de festas - os conflitos familiares e a visão que estes têm do mundo são os principais componentes que podem afetar suas as vidas adultas. E aquele que poderia ser um trama entediante por se passar somente numa biblioteca com os mesmos personagens num só dia, acaba por se transformar numa história notavelmente aprazível, repleta de diálogos e personagens cativantes, uma banda sonora incrível, nomeadamente o êxito de Simple Minds, Don't You Forget About Me, cuja letra revela a angústia presente nos jovens, e uma introdução e final fantásticos, nos quais destaco um excerto da música Changes de David Bowie e a redação final escrita pelo Brian (o nerd).




Desta forma, The Breakfast Club é um filme para todas as idades e que deve ser visto vezes sem conta. Aquele que é considerado um clássico oitentista, é igualmente um filme atual que continua a retratar pensamentos e histórias reais, fazendo deste, um clássico intemporal e o meu filme preferido de sempre. Ainda hoje me pergunto o que se passou na segunda-feira. Mas gosto de pensar que, por uma vez, os estereótipos foram postos de lado.


Informação Adicional:

Direção: John Hughes

Elenco: Judd Nelson, Molly Ringwald, Ally Sheedy, Anthony Michael Hall, Emilio Estevez

Género: Drama adolescente

Duração: 97 min.

Classificação: 10/10

Frase favorita: Screws fall out all the time, the world is an imperfect place.





2 Comments


Bianca R. Matos
Bianca R. Matos
Aug 02, 2020

@sandra_isr@hotmail.com - só tenho a agradecer pelos elogios, és incrível ❤️ é uma sorte ter-te como família e amiga, não há palavras ❤️

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sandra_isr
Aug 02, 2020

Formidável! Poderia descrever-te de imensas formas, faltar-me-iam as palavras... Mas a maneira com que te entregas e descreves o que mais gostas é "só" Formidável! Quando te empenhas, não há nada que não consigas fazer. Espelhas bem o interesse e avaliação que fazes deste filme. Ainda não vi! Mas tenciono ver! Graças a ti, claro.

Tens o talento de observar as pequenas coisas e transmitir a grandeza delas. O AMOR que sentes pela 7a arte revela assim um pouco de ti. Sim, um pouco, porque a verdadeira essência é captada por quem te conhece. Generosa, meiga, inteligente e capaz de fazer virar cabeças pela doçura que te acompanha.

À minha fofi, apenas espero que mantenhas a cabeça virada para o…

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