KILL BILL: VOL.1(2003)
- Bianca R. Matos
- 21 de jan. de 2022
- 4 min de leitura
Atualizado: 22 de jan. de 2022

Revenge is a dish best served cold.
Os filmes de Quentin Tarantino possuem um número variado de características que os distinguem de todos os outros. Pessoalmente, considerava-me uma das pessoas que não apreciava a sua cinematografia antes sequer de ter assistido algum filme. Era a incorporação viva da famosa expressão "julgar o livro pela capa". Porém, quando me deram a oportunidade de assistir Pulp Fiction fiquei completamente rendida a todo o trabalho à sua volta e à mistura perspicaz de géneros que - surpreendentemente - funcionam sempre tão bem.
Ora, o facto de possuir um póster com (segundo dizem) os 100 melhores filmes de todos os tempos, faz com que a minha motivação para assistir a clássicos - que, caso não existisse um carimbo para raspar, nunca me passaria pela cabeça assistir, - cresça de forma acentuada. E assim surgiu a oportunidade de assistir Kill Bill: Vol.1.
A película é, na sua mais curta e breve forma, um retrato de vingança. A Noiva (cujo nome - presumo eu - só se descobrirá na sequela) acorda, ao fim de 4 anos em coma, sabendo que perdeu a sua filha durante a tragédia que ocorreu no seu casamento, por parte do ex-noivo, Bill, que a tentou matar. Desta forma, o filme tem como finalidade o ajuste de contas com cada um dos envolventes do ocorrente, contando com cenas sangrentas e de violência física extrema.
Contrariamente ao que aparenta, o filme é hilariante. Consegui soltar mais gargalhadas numa (suposta) ação do que em muitas comédias. E esse era, de facto, o objetivo de Tarantino ao criar, juntamente com Uma Thurman, a protagonista que deu vida a uma célebre saga. O mais curioso
é que o filme era suposto ter mais de 3 horas de duração! - afinal, seriam necessárias muitas horas para obter a vingança total pretendida, uma vez que não se tratava apenas de Bill mas de todos os outros membros do chamado Viper Assassination Squad. Assim, o primeiro filme ficou reservado para Vernita Green e para O-Ren Ishii; enquanto a continuação ficou para os restantes membros, incluindo o próprio Bill.

[ ⚠ AVISO: SPOILER]
A verdade é que este filme vai muito além daquilo que é um simples clássico de ação com bolinha vermelha no canto superior das nossas televisões - porque se centra, acima de tudo, na cultura japonesa, nos samurais e nas suas armas, indubitavelmente, poderosas e bem produzidas que nos proporcionam um verdadeiro espetáculo sangrento. A minha cena favorita foi, inclusive, a luta completamente absurda da Noiva contra 80 lutadores de artes marciais. Creio que nunca tinha visto tanto sangue numa só cena cinematográfica e, para alguém que costuma cobrir os olhos sempre que vê um arranhão, Kill Bill fez um bom trabalho ao colar os meus olhos ao ecrã o tempo todo...ou pelo menos quase todo... 🙂 E o que mais me impressionou de toda a cena é que todos os detalhes demoraram 6 semanas a serem filmados! - o mesmo tempo que Pulp Fiction, um filme de quase 3 horas, demorou a ser feito. É um facto que Tarantino tinha em mente cenas com muito sangue e tudo funcionou muito bem, desde as sequências até ao jogo de sombras - de repente tudo fica com muita luz e de repente tudo fica a preto e branco ou até mesmo numa só cor.
Assim, Tarantino procurou reproduzir até ao mais ínfimo pormenor os filmes de Kong fu dos anos 60. A estética e os efeitos sonoros estão todos lá e homenagens a lendas japonesas não faltam - existindo, até mesmo, uma cena de animação asiática e o espectador vê-se, por momentos, num filme de anime. Além disso, todo o elenco é impressionante, Uma Thurman fez o filme, mesmo tendo dado à luz há pouquíssimo tempo antes, o que torna a sua atuação ainda mais fantástica. E a cena final com a atriz Lucy Liu possui o teor mais dramático e violento possível, com um cenário marcado pelos tons brancos de forma a contrastar com o vermelho do sangue. Todas as cenas têm sempre uma intenção por detrás e é isso que faz de Kill Bill um dos filmes mais geniais de Tarantino e de todo o cinema no geral.

A conclusão a que chegamos é que é impossível assistirmos ao primeiro volume e não querermos assistir ao resto da saga. O desfecho fica muito em aberto e o espectador tende, quase sempre, a continuar o percurso da Noiva até à sua vingança total. É verdade que a história entre a protagonista e Bill ainda está por ser contada - visto que o volume 1 se focou na história principal de um modo mais geral e com poucos detalhes. Apesar de não igualar Pulp Fiction e Inglorious Basterds, é um filme muito bom para se assistir, pelo menos, uma vez na vida e que, com o tempo, se tem tornado cada vez mais intemporal; nem que seja pela famosa assobiadela cuja origem desconhecia, até então. Agora resta-me esperar para ver se a sua continuação supera.

Informação Adicional:
Direção: Quentin Tarantino
Elenco: Uma Thurman, Lucy Liu, David Carradine, Daryl Hannah, Vivica A. Foxová.
Género: Ação/crime
Duração: 111 minutos
Classificação: 8/10
Frase favorita: Revenge is never a straight line. It's a forest, And like a forest it's easy to lose your way... To get lost... To forget where you came in.
Trailer: https://youtu.be/7kSuas6mRpk
Muito bem meu amor. Não podias ter descrito o filme de melhor maneira. Agora só quero poder ver os outros todos contigo.😊❤️