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LITTLE WOMEN (2019)

Atualizado: 31 de ago. de 2020


Hoje trago mais um romance e mais um filme candidato aos Óscares 2020. Não faz parte dos meus favoritos de 2019 mas é um filme que merece destaque e uma menção digna. Mulherzinhas - como é conhecido em Portugal - é a mais recente adaptação cinematográfica da obra de Louisa May Alcott (que possui já quatro adaptações, sendo a mais antiga de 1933), tendo suscitado polémica, particularmente nas indicações ao Óscar de melhor diretor, no qual os nomeados se baseavam somente em diretores masculinos - em 100 anos apenas cinco mulheres foram nomeadas ao óscar de melhor diretor. Não é a primeira vez que este tema é alvo de polémicas entre o mundo cinematográfico e, sendo sincera, acho que Greta Gerwig merecia, pelo menos, uma indicação pelo bom trabalho que veio a realizar no filme.


A história é bastante conhecida mundialmente por já ser muito antiga. Contudo, para as gerações mais recentes pode não ser tão conhecida assim. Little Women conta a história das quatro irmãs March, constituintes de uma família composta quase unicamente por mulheres que têm que se unir para conseguir superar as dificuldades financeiras que enfrentam desde a partida do pai para a guerra. A mãe e a tia March vão acompanhando ao longo dos anos o crescimento das irmãs, Jo, Amy, Beth e Meg ensinando-lhes o verdadeiro significado de amor, gratidão e virtude.



Primeiro ponto que quero ressaltar porque acho que é um dos principais pontos positivos: o elenco. Para as gerações mais recentes, principalmente, o elenco é considerado um luxo, possuindo caras do cinema que é quase impossível não conhecermos, destacando-se a maravilhosa Emma Watson, conhecida por ter interpretado Hermione Granger na saga de Harry Potter, Timothée Chalamet e a deslumbrante Saiorse Ronan que interpreta Jo, a personagem principal, a irmã diferente que procura ser sempre fiel aos seus princípios, possuindo valores muito peculiares, e fugindo sempre aos ideais impostos nas mulheres do século XIX. E Saiorse incorpora Jo de uma maneira incrível, como se ela fosse uma parte de Jo ou vice-versa. Fez uma boa interpretação e só por isso já vale a pena assistir ao filme. E, além dos atores já referidos, o elenco conta ainda com duas atrizes já conhecidas por várias gerações, Laura Dern (que ganhou o óscar de ,elhor atriz coadjuvante por Marriage Story) e Meryl Streep.


[AVISO: SPOILER]

No entanto, a grande surpresa de todo o filme é a grande Florence Pugh que recebeu um enorme destaque com a sua interpretação de Amy March. Aquela que inicialmente é a irmã menos adorada pelo público acaba por cativar os olhares de todos os espectadores, tornando-se uma das personagens favoritas e mais fortes psicologicamente. Florence mereceu a indicação ao Óscar de melhor atriz coadjuvante, ainda que não merecesse o prémio, o seu destaque é merecido. É agradável assistir à evolução das quatro irmãs ao longo do filme e a evoluçao de Amy é, sem dúvida, a mais notável e bonita de se ver. Uma rapariga que, quando mais nova, revela-se imatura, brincalhona e infantil transforma-se numa mulher responsável, independente e forte que, embora mais ponderada, está disposta a casar-se com um homem rico, mesmo não o amando como esperava amar. Definitivamente, o filme centra-se essencialmente no "triângulo amoroso" que engloba Jo, Laurie e Amy. É impressionante ver como, de repente, o público apela para que Laurie e Amy fiquem juntos, quando na verdade todos nós passamos o filme a desejar o contrário.



Já a evolução de Meg e Beth não foi tão notória como a das duas outras irmãs. Greta procurou dar tanto destaque a Jo e a Amy que se desleixou na outra parte da história, atrapalhando-se em algumas partes, nomeamente nas transições passado-presente que grande parte das vezes se conseguiu perceber bem e noutros, no entanto, foi mais difícil, apesar do contraste entre as cores e da diferença notória de aparências. O filme tem imensas personagens, é normal alguns ficarem para trás para se dar mais destaque aos personagens principais; ainda assim, Meg e - principalmente- Beth que reforçou a parte dramática da história, mereciam um maior tempo de tela. Achei também algumas cenas um bocado forçadas, nomeadamente a cena final entre Jo e Friedrich (embora seja mesmo assim que acontece no livro original) e até algumas cenas englobando o casamento de Meg.



O filme, por ser longo, pode tornar-se tedioso em algumas cenas. No entanto, Greta procura não entediar os espectadores e procurar uma história monótona. Vale a pena ressaltar também o fantástico vestuário, próprio da época, proporcionando uma visão realista da história e do tempo em que esta se situa. A banda sonora é simplória, adequando-se efetivamente ao filme em si e a narrativa é, no geral, interessante. O filme esteve indicado à vários prémios, nomeadamente o óscar de melhor filme, melhor atriz principal e coadjuvante, melhor banda sonora, melhor roteiro adaptado e melhor figurino, ganhando este último. Embora não merecessem o prémio, fiquei feliz pela nomeação de Soirse e Florence, fizeram ótimas interpretações (assim como Timothée, não recebeu qualquer indicação mas o seu papel fez parte dos destaques pela sua fantástica interpretação, aprestando uma ótima presença corporal e expressividade notável) que valem a pena serem recordadas.


Assim, Little Women é um filme que deve ser assistido, principalmente por aqueles que apreciam romances mais antigos. Greta conseguiu fazer uma adptação ótima (não obstante alguns precalços que poderiam ter sido corrigidos) de um livro que já teve imensas adpatções e que nenhuma se compara à mais recente da mesma. O filme foi, aliás, falado por ser melhor ainda do que o próprio livro, e isso é algo que não se diz todos os dias. São raras as vezes em que o filme se destaca comparaticamente à obra que este se inspirou, e o facto de Little Women ter adquirido esse destaque, só reforça o bom trabalho que Greta realizou. Little Women, embora não faça parte dos meus favoritos, é a prova de que 2019 foi, de facto, um grande ano para o mundo cinematográfico.



Informação Adicional:

Direção: Greta Gerwig

Elenco: Saoirse Ronan, Florence Pugh, Timothée Chamalet, Emma Watson, Eliza Scanlen, Laura Dern, Meryl Streep.

Género: Romance/drama

Duração: 135 min.

Classificação: 6,5/10

Frase favorita: Women, they have minds, and they have souls, as well as just hearts. And they've got ambition, and they've got talent, as well as just beauty. I'm so sick of people saying that love is just all a woman is fit for.

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