top of page

LA LA LAND (2016)


Um filme para todos os sonhadores.

À medida que vamos crescendo, as nossas várias perspectivas de encarar o mundo vão mudando, assim como todas as nossas interpretações feitas a coisas simples como a mensagem de um poema, o significado de uma frase ou o poder de uma cena de uma obra cinematográfica. No meu caso, penso que este seja o melhor exemplo de um filme que, num espaço de quatro anos, fez-me olhar para a sua história de uma maneira completamente diferente. Como se, de repente, todo o seu argumento tivesse sofrido uma estrondosa reviravolta. E então, eis que chega o momento em que descubro, por fim, que o meu Eu interior de treze anos cresceu e descobriu novas formas de sentir e vivenciar emoções.


Há uns dias, assisti pela segunda vez La La Land - Melodia de Amor, um filme musical que ensina essencialmente que devemos seguir os nossos sonhos, por mais "tolos" que sejamos e por mais complicada que seja a sua jornada. Depois de uma grande polémica à volta do Óscar de Melhor Filme e de alguns comentários negativos que ousavam dizer que o filme não merecia o reconhecimento que estava a ter, creio que se realmente compreendermos a sua mensagem entenderemos que os verdadeiros "tolos" são aqueles que não conseguem apreciar uma história tão profunda como esta.


O longa-metragem conta a história de Mia (Emma Stone), uma atriz no início da sua carreira que trabalha como empregada de mesa enquanto realiza algumas audições, e Sebastian (Ryan Gosling), um pianista de Jazz que procura abrir o seu próprio clube, de forma a fazer ressurgir o género musical que ama e cuja influência se tem vindo a perder ao longos dos anos. No fundo, dois jovens que buscam sucesso e reconhecimento na disputada cidade de Los Angeles e que acabam por se apaixonar. E assim, à medida que o filme vai decorrendo, vamos tendo uma longa visão do seu relacionamento, acompanhado dos diversos conflitos e dificuldades em gerir duas coisas importantes na vida de ambos, através da mudança gradual das estações do ano.


Someone in the crowd 

Um dos aspectos que eu mais gosto em La La Land é a sua capacidade para nos fazer sentir parte da história, como se estivéssemos a vivê-la, e não apenas a assisti-la na tela de cinema. A junção dos vários elementos que nos transportam para a grande magia à volta da musicalidade, das cores, das personagens. De facto, a sua cinematografia é absolutamente espantosa, composta por uma explosão de cores vivas que contrastam entre si e constituem planos e cenários tão belos e incomuns. A própria imagem do póster do filme salienta a sua magnífica paleta; simplesmente adoro o contraste entre os tons roxos da paisagem e o amarelo do vestida de Mia. Faz com que, automaticamente, percebamos que a sua história conta com uma verdadeira melodia colorida que facilmente nos transporta para o seu mundo mágico (mas real).


La La Land conta com temas que remetem essencialmente para a busca dos nossos sonhos e a necessidade de não desistir por mais forte que seja a vontade. A sua história inicia-se com It´s Another Day of Sun, preparando o espectador para as duas horas que se seguem, repletas de uma banda sonora absolutamente fascinante que nos transporta para um mundo que acolhemos sem o conhecermos, e de coreografias cativantes que contribuem para a dinâmica da história (como em A Lovely Night). E por mais monótono que este género cinematográfico possa ser para alguns (sobretudo por se tratar de uma história completamente musical), se o espectador realmente estiver atento à fantástica direção de Damien Chazelle verá que La La Land não se tratará de apenas mais um clichê, mas sim de um verdadeiro espetáculo fotográfico que nos conduzirá para uma dimensão aparte. Contudo, se já não se encontrava cativado, são certas as hipóteses de se envolver por completo ao escutar City of Stars, um dos temas principais de toda a história que, por mais simples que seja, serve exatamente para vislumbrarmos a paisagem e a simplicidade de todos os movimentos. É, de facto, um filme apaixonante que nos fará cantarolar as suas músicas durante um bom tempo.


Cena do Planetário - uma das mais belas de todo o filme 

É certo que todos estes pormenores nunca fariam sentido sem um elenco luxuoso como o que nos foi apresentado. Emma Stone e Ryan Gosling fizeram, provavelmente, o melhor papel das suas carreiras, ambos com uma capacidade espantosa de improviso e de dialogar com a maior das naturalidades - além de que a química à volta de ambos é evidente, não só neste filme, como em outros protagonizados pelos dois. É igualmente certo que as suas personagens não eram de todo complicadas de interpretar mas todas as nossas opiniões mudam quando começamos a conhecer as suas verdadeiras personalidades e a pormo-nos no seu lugar. E a entrega que, tanto Emma como Ryan, deram para dar vida aos seus diálogos é indiscutível; as suas expressões em pleno silêncio, as suas vozes unidas e as falas extremamente profundas comprovam que todos os prémios atribuídos foram merecidos. La La Land certamente não seria tão belo se a escolha de elenco não tivesse sido tão boa e não poderíamos espelhar melhor de dois jovens que aprenderam a dançar e a tocar piano num espaço de meses! E embora o elenco original contasse com outras caras como Emma Watson e Miles Teller, creio que o diretor fez um bom trabalho ao escolher atores com um maior nível de maturidade e profissionalismo.


Se merecia o prémio de melhor filme? Talvez não. A concorrência era incontestável, tanto Moonlight como Manchester by the Sea eram fortes candidatos. Certamente também não é o filme das nossas vidas, que nos fará falar dele durante anos e anos. No entanto, uma coisa é irrefutável: o longa de Chazelle possui uma condição que nenhum outro apresenta: a sua capacidade para nos fazer sorrir e sonhar. E se pensarmos bem no verdadeiro propósito do cinema veremos que o filme apresenta todos os critérios necessários para se tornar numa obra que emocionará até os espectadores mais frios e céticos, recheado de homenagens à arte em si, ao Jazz e a outros musicais que nos tocaram de uma forma semelhante, sem nunca tirar o mérito ao fascínio presente em cada cena. É um filme que faz com o queiramos assistir de novo logo após os créditos, por medo que nos tenha escapado algo, mesmo sabendo que essa sensação não passa de um mero palpite psicológico. Porque só os tolos que não sonham é que nunca sentirão o turbilhão de emoções que cada cena de La La Land nos proporciona. Essas mesmas emoções que nos tornam puramente humanos e fazem com que no final - assim como Mia - queiramos sempre experimentá-las de novo.



Smiling through it, she said she'd do it...again.



Informação Adicional:

Direção: Damien Chazelle

Elenco: Emma Stone, Ryan Gosling, John Legend, ...

Género: Musical/romance

Duração: 128min.

Classificação: 9/10

Frase favorita: - Maybe I'm not good enough!

- Yes, you are.

- Maybe I'm not! It's like a pipe dream.

- This is the dream! It's conflict and it's compromise, and it's very, very exciting!



Comments


bottom of page