BOHEMIAN RHAPSODY (2018)
- Bianca R. Matos
- 6 de jan. de 2022
- 4 min de leitura

"Is this the real life? Is this just fantasy?"
De facto, é esse o pensamento que percorre a nossa mente quando assistimos Bohemian Rhapsody, uma autobiografia da eterna lenda musical Freddie Mercury; que tantas críticas negativas recebeu. Contudo, como amante de cinema, tenho a tendência em divergir da opinião do público comum. Sempre me intrigou a forma como os críticos de cinema avaliam os filmes. Tantos pormenores, tão ínfimos, tão "insignificantes" à primeira vista. Afinal, um bom filme é aquele que não peca nos efeitos visuais e sonoros ou é aquele que realmente toca os corações de quem o assiste? Eu concordo com a segunda alternativa, e nada melhor do que um bom exemplo para felicitar, de alguma forma, o meu regresso ao mundo das críticas cinematográficas, que tanta falta senti.
Posto isto, o filme de Bryan Singer conta a história de vida de uma das maiores lendas de todos os tempos, bem como a banda que contribuiu para o acentuado enriquecimento da indústria musical, tentando evidenciar todos os passos que contribuíram para um percurso atribulado a caminho da fama.
A verdade é que os Queen não fizeram uma época, mas sim um vasto conjunto de gerações que ainda hoje perdura. E olhar para uma perspetiva mais pormenorizada e pessoal da sua história de vida nem sempre é algo bem encarado aos olhos do público alvo. Nos meus, pelo menos, resultou tudo muito bem...de facto, bastou-me contemplar a atuação esplêndida de Rami Malek (ator que deu vida a Freddie Mercury) para adicionar uns bons pontos à minha classificação final. Pergunto-me quantas vezes terá ele assistido às performances e às entrevistas para incorporar (quase) sem imperfeições o personagem - sobretudo alguém com características físicas e com movimentos tão únicos e difíceis de igualar. Não creio que alguém conseguisse fazer algo parecido.
O roteiro (escrito por Anthony McCarten) mostra, essencialmente, a união dos 4 membros da banda e realça a importância que estes tiveram para o seu sucesso e para muitos dos problemas que os envolveram como colegas - mas, acima de tudo, como amigos. Brian May, John Deacon e Roger foram indispensáveis para o desenrolar da história e o diretor quis mostrar isso de forma muito aberta, de modo a revelar que não foi apenas Freddie Mercury a atingir o êxito. Os quatro atores transformaram o filme num espetáculo musical que nos fez cantar com eles os brilhantes êxitos que ainda hoje se fazem ouvir nas rádios, incluindo todo o processo de escrita e gravação, que contou com uma série de objetos um tanto peculiares - desde o medidor de amplitude para o "Galileo" de Bohemian Rhapsody às 3 palmas iniciais de We Will rock you. Os clássicos estão lá e para quem não os conhece, é sempre bom ver uma diferente perspetiva, como se, de facto, estivéssemos sempre nos bastidores a assistir ao espetáculo.

Apesar de se focar muito na história da banda e dos seus integrantes, o filme centra-se também no romance de Freddie com Mary Austin, o eterno "amor da sua vida" (e inspiração para uma das suas músicas mais conhecidas, Love of my Life). Apesar da sua homossexualidade assumida, o filme deixou bem claro que Mary sempre possuiu um papel especial na vida do protagonista.
Sabendo que este seria um filme cheio de paradigmas sociais, o roteirista escolheu abordar os tópicos dominantes de forma muito leve e branda, e não poderia ter funcionado melhor. O retrato da sua sexualidade e o percurso que o levou a ter o vírus da Sida, as festas, o álcool e as drogas foram alguns dos temas principais que mostraram a importância que a banda e Mary tiveram na vida de Mercury. É um facto que o filme poderia ter abordado com mais pormenor a vida de cada membro em separado, de forma a realçar aquilo que os distingue e - ao mesmo tempo - aquilo que os une. A vida por detrás da música e dos concertos ficou, ainda, por ser mais explorada, nomeadamente a família Balsara que, no final de contas, acabou por influenciar também todo o caminho para o sucesso e também as vidas pessoais dos personagens secundários.

Para um amante de música e cinema, Bohemian Rhapsody é um filme que sabe sempre bem ver e rever, nem que seja para desfrutar de toda a melodia inigualável. É um facto que tranformar uma biografia num filme é sempre uma tarefa extremamente complicada - e um quanto controversa. Afinal, nem todos conseguem reduzir dezenas de anos em duas horas de forma sublime sem levantar aspetos negativos em certas partes. E talvez seja por isso que Bohemian Rhapsody recebeu tantas críticas negativas por parte dos críticos de cinema. Porque é ainda mais complicado filmar uma biografia de uma banda como os Queen, um dos melhores grupos musicais de todos os tempos. Os Queen não se limitam a reprensentar um género musical…simplesmente porque eles transcendem qualquer género ou moda. E a verdade é que, se há coisa que o filme não fracassa, é em reforçar a grandiosidade de uma lenda como Freddie Mercury que é, nada mais nada menos, do que um dos maiores intérpretes de todos os tempos. É um filme que incorpora a intemporalidade de uma lenda musical e que mostra que - contrariamente ao que muitos diziam - , independentemente dos anos que passem, nunca vamos deixar de ouvir um “Gallileo” numa rádio musical. E nunca vamos querer mudar de estação.

Informação Adicional:
Direção: Bryan Singer e Dexter Fletcher
Elenco: Rami Malek, Gwilym Lee, Ben Hardy, Joseph Mazello, Lucy Boynton, (...)
Género: Biografia/musical/drama
Duração: 135min.
Classificação: 8/10
Frase favorita: Now we're four misfits who don't belong together, we're playing for the other misfits. They're the outcasts, right at the back of the room. We're pretty sure they don't belong either. We belong to them.
Trailer: https://youtu.be/6S9c5nnDd_s
-You're a legend, Fred.
-You're bloody right I am! We're all legends.
Sempre em grande minha fofi ♥️♥️ LY 😘
Muito bom
Muito bem meu amor. Se eu soubesse que ver filmes contigo traria este teu lado maravilhoso de volta, já o teria feito há imenso tempo. Bebé bom 🥰
Já tinha saudades da tua escrita! E que regresso! Uma crítica brilhante sobre um filme igualmente brilhante, sobretudo no que toca à fantástica interpretação do ator que deu vida ao lendário Freddy Mercury. Parabéns meu doce! Cada vez melhor!❤️