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THE POLAR EXPRESS (2004)


Porque o sino toca sempre. Mas apenas para aqueles que realmente acreditam.

É do conhecimento geral que a cada instante, algures no mundo, existe uma criança que inicia o gradual abandono à sua infância e - naturalmente - às suas crenças. É de uma natureza inevitável porque simplesmente está no nosso senso comum entregarmos-nos ao mundo frio e insensível dos adultos e deixarmos aquele pequeno lugar onde colectávamos todos os nossos sonhos. E assim, aquele menino que todos os anos aguardava ansiosamente a visita do Pai Natal vai desvanecendo juntamente com toda aquela magia que preenchia a mesa e criava aquela azáfama que, atualmente, é aquilo que mais falta sentimos sobretudo nesta época. Em Polar Express, essa Criança representa milhões de muitas outras espalhadas pelo mundo.


O herói desta história (cujo nome não é revelado de forma a realçar a abrangência do tema), é o protagonista de toda a aventura que está prestes a viver e que mudará a sua vida para sempre. Assim como muitos outros jovens no limiar da adolescência, também ele está a perder a sua crença no Natal e em toda a essência que este constitui. Porém, tudo muda quando ele apanha o famoso Polar Express, um comboio que viaja a caminho do Polo Norte e que mostrará que o verdadeiro espírito natalício prevalece para sempre naqueles que realmente acreditam.


Realizado por Robert Zemeckis - e baseado no livro de Chris Van Allburg, The Polar Express - o filme conta com uma banda sonora fantástica, composta maioritariamente pelo génio musical Alan Silvestri, realçando o tom entusiasta e emotivo de toda a jornada sofrida até ao Polo Norte - sendo que a minha preferida é a música principal Suite From the Polar Express. Além disso, o longa conta com vários outros clássicos de Natal típicos dos anos 60/70 de Frank Sinatra e de Bing Crosby, que proporcionam uma atmosfera acolhedora.



Toda a narrativa é composta por imagens absolutamente deslumbrantes e dignas de uma aura natalícia mágica, acompanhadas de efeitos visuais fantásticos de forma a salientar o inverno presente em todo o plano de cena, como o movimento pormenorizado de um bilhete dourado ou a viagem atribulada em queda livre. A fotografia é lindíssima, contrastando os tons azuis e brancos da neve e do gelo com os amarelos e vermelhos da lareira e do bilhete. Além disso, também a técnica de movimento é um aspeto importante a ser realçado, por ser diferente dos habituais filmes de animação, nos quais as personagens são desenhadas e posteriormente transferidas para uma plano visual que promove as suas ações e movimentos. Em Polar Express, por sua vez, ocorre uma pequena mistura entre a realidade e a animação: animando personagens interpretadas por pessoas reais, nomeadamente Tom Hanks (que representa um grande conjunto de personagens como o Vagabundo, o Condutor, o Pai Natal, o pai do protagonista ou o herói mais velho) e Josh Hutcherson (que representa o protagonista) - tendo ainda a participação especial do cantor Steve Tyler -; embora esses mesmos personagens possuam uma aparência ligeiramente embaciada e com movimentos pouco eficientes, mostrando que ainda há muito para evoluir no que toca a construir personagens que transmitam com toda a perfeição o profundo olhar humano.


Ainda assim, Polar Express é um filme que retrata um tema extremamente sensível, especialmente para aqueles que têm vindo a perder esperança naquilo que, em tempos, costumavam acreditar, contando uma jornada de tal forma atribulada que, muitas das vezes, causa um grau intenso de ansiedade para aqueles que a assistem. Todas as personagens são importantes à sua maneira, todas ligeiramente diferente umas das outras mas que, no fundo, se completam e ajudam a formar o verdadeiro espírito natalício. É certo que é um filme que tem todas as condições e todo o potencial de se tornar num clássico de Natal que deve ser visto todos os anos. Uma emocionante aventura que, não só encanta as crianças, como comove todos os adultos cuja nostalgia e saudade daquela inocência que os preenchia predomina nos seus corações.



E não é por acaso que assisto a Polar Express todos os anos por volta desta época. É um facto que, à medida que crescemos, a inocência da nossa criança interior vai absorvendo toda a magia que presenciávamos em pequenos. Mas é igualmente um facto que essa mesma inocência só se perde se nós realmente quisermos que assim o seja. Ver é acreditar, é verdade. Mas uma vez, Tom Hanks disse que as coisas mais reais deste mundo são aquelas que nós não conseguimos ver. E é isso que devemos ter em conta sempre que nos encontramos perdidos nas nossas crenças e não conseguimos arranjar uma forma de cultivar os nossos mais fiéis sonhos. Sobretudo quando esses sonhos envolvem o próprio Pai Natal.


Informação Adicional:

Diretor: Robert Zemeckis

Elenco: Tom Hanks, Josh Hutcherson, Nona Gaye, Eddie Deezen, Daryl Sabara

Género: Animação

Duração: 100 min.

Classificação: 8/10

Frase favorita: Seeing is believing, but sometimes the most real things in the world are the things we can't see.


P.S.: Desejo a todos os meus leitores um feliz Natal e que esta crítica sirva de aprendizagem para todos aqueles que têm vindo a perder a fé nesta época, na vida, e sobretudo em si mesmos. O Natal é um dia que serve precisamente para angariar esperança e felicidade. Que ao menos isso se contagie.

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